sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Friends


Se a vida fosse a abertura de Friends eu seria feliz. Sorriria sempre, estaria rodeada pelos que me fazem bem, efusiva, sem me envergonhar dos gestos que demonstrariam isso. Dançaria embalada pela música, se tudo se resumisse a esse alegre prefácio, a vida seria leve e haveria poucas outras necessidades alheias a isto, mas, assim, a tristeza não teria morado em mim por tantos dias sem manhã nem tarde, em uma cidade imensamente maior que meu desejo de sair da cama e tão pesada quanto o peso que nela me mantinha, os dias cinzas passariam despercebidos e eu não teria buscado escapar deles em uma sala iluminada, com pessoas igualmente brilhantes com as quais dei meus primeiros passos teatrais, e eles comigo. A estes seres de luz agradeço pelo resgate que promoveram ao me tirarem da imersão indolente da auto piedade, agradeço pela mágica de nosso encontro e pelo aprendizado e crescimento mútuo.

Se minha vida fosse a abertura de Friends, todos os dias ela se repetiria radiante, bastaria, a rotina seria cômoda. A imobilidade geraria a contemplação apenas do que a vista alcança e limitaria o horizonte de entendimento das potencialidades humanas e do auto conhecimento, o paladar não se alteraria, a cabeça permaneceria nos lugares comuns, brumas de países exóticos ficariam por exalar, experiências metafísicas permaneceriam no plano transcendental e a concretização do sublime não se daria.

Eu seria amiga da Rachel, da Phoebe e da Monica e não teria a presença constante da Elisa nos meus pensamentos. A ela agradeço por não desistir de nossa amizade, por sempre perdoar minha ausência e displicência, por ser a irmã que não tive e que hoje sou obrigada a amar a distância... quando o telefone toca pela manhã é impossível não me lembrar do “Cami, tá estudando?”.

À Mari Carla agradeço pela amizade de tantos anos, pela paciência e doçura, mesmo nos dias de estrada poeirenta. Obrigada pelos shows que assistimos juntas, pelos que ainda veremos, por tudo o que vivemos ao longo do ano e por ter vindo com a Juju no churras... mesmo não comendo carne. Baby, baby, baby, light my way...

Sendo uma abertura de seriado, somente o lado bonito da vida apareceria e a dureza de um dia de trabalho não ficaria ali estampada, bem como aquilo que a Luana e o Wellington me ensinaram vivendo e sorrindo, a despeito das diferentes trajetória individuais e dramas particulares. Nada melhor que um sorriso para começar e terminar bem o dia e, no meio dele, salgadinho Torcida e Dolly Guaraná quente emoldurando o quadro de nosso boteco simplório e improvisado, palco de conversas igualmente prosaicas salpicadas de ensinamentos práticos.

Agradeço à Danielle por ser música, poesia, humanidade e imperfeição. Por ser admirável e comovente em sua fragilidade. Gracias por ter feito parte de minha peregrinação e pelas cores que trouxe a ela, pelos não julgamentos, por tudo o que dividiu comigo, pelo que me permitiu dividir com ela e pelo que dividimos as duas.

Foi um ano de reencontros, com pessoas que não via há alguns anos e que contribuíram em parte no que sou hoje, também reencontrei alguém que não sabia ter perdido, até me deparar com ela por boulevares, red lights e ramblas da vida. 

Aos que continuaram comigo na caminhada, peço mais um ano em sua companhia, aos que embarcaram agora, bem-vindos, e aos que decidiram seguir por outras vias, aquele abraço!

Gracias a la vida, que me ha dado tanto.

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