terça-feira, 7 de setembro de 2010

Invocação para um dia líquido


Muito provavelmente seja pelo fato de eu ter nascido em um dia de chuva. Meus pais me contaram que choveu muito durante toda aquela semana e que o percurso até a maternidade se fez não sem dificuldades, pois o Rio Tietê transbodara, deixando parado o trânsito na Marginal. Nasci às 11 horas de uma noite chuvosa, como deveria mesmo ser a primeira noite da estação verdejante. Certamente é a isto que se deve minha natureza líquida, sempre se moldando aos diferentes continentes e situações, fluindo sempre.

Talvez também se deva a isso o carinho que tenho pelos dias de chuva, a simpatia que rendo pelo céu que chora. De forma semelhante, também aprecio homens que sabem chorar. Credito também a esta condição de nascença o fato de ser o chorinho o ritmo musical que mais me aproxima de um estado contemplativo, de quase transcendência.

Eu amo o que há de úmido no ser humano, conotativa e denotativamente, objetiva e subjetivamente. Amo as metáforas que comparam estados de espírito a tudo que diga respeito ao que é aquático, da suavidade de um riacho que corre ao ímpeto do mar tormentoso. Somos água. Vivemos no planeta água.

Se viemos do pó, e a ele retornaremos, quero aproveitar ao máximo minha transitoriedade líquida, viver liquidamente minha humanidade, pois amo o que há de líquido no ser humano, conotativa e denotativamente...

O título do post vem de parte do título de uma música do Cordel do Fogo Encantado.    

1 comentários:

Danielle disse...

Lindo! e...líquido...

Beijo