quarta-feira, 14 de abril de 2010

As Copas da minha vida


Copa de 1986 – ok, não me lembro dessa, mas lembro de ter muita gente em frente à TV na casa de minha avó, e que eu não podia circular lépida e fagueira pela sala, me lembro da rua pintada de verde e amarelo, isso, a rua mesma, o asfalto.

Copa de 1990 – desta também lembro pouca coisa. A professora da primeira série nos pediu para falarmos na aula o nome dos jogadores que conhecíamos, disto resultou algum tipo de exercício de português. Lembro que no pacote de salgadinhos vinham réplicas de bandeiras dos países participantes da copa (Tchecoslováquia!) e lembro também de pintar bandeirinhas do Brasil junto com minha prima durante os jogos, que eu não entendia bem.

Copa de 1994 - a coisa começou a ficar boa a partir daí, e começou em altíssimo estilo. É a primeira copa da qual tenho lembranças vívidas, assisti todos os jogos, me lembro daquele gol do Branco, foi uma pancada, eu tinha acabado de acender uma bombinha, que foi jogada na casa da vizinha... o gol saiu na hora certa. Foi uma copa incrível, eu havia aprendido a gostar de futebol havia apenas um ou dois anos. Durante a final, eu estava na praia e me lembro nitidamente de ver o delírio das pessoas que haviam visto o Brasil levantar uma taça pela última vez em 1970, muitas outras, como eu, nunca haviam visto o Brasil ser campeão.
Copa de 1998 - essa copa foi picareta, acho que a maioria dos jogadores bancou o chinelinho. Foi um ano de bastante mudança na minha vida, início do ensino médio, me sentindo malandra, coisas novas, escola nova e outras coisas novas.

Copa de 2002 - essa foi, até agora, A copa da minha vida. Treinador aguerrido, time com verdadeiro espírito de equipe, São Marcos no auge de sua carreira, Ronaldinho Gaucho jogando direito e o Gordômeno, que não amarelou, jogou a final de forma irretocável. Foi meu primeiro ano de graduação, algo muito especial, talvez isso tenha influenciado na forma como me recordo dessa copa. Ano de descobertas, crescimento emocional, intelectual e da percepção de que a independência, ainda que relativa, seria algo viciante. A maioria dos jogos era de madrugada, caras de sono por todo o campus. Um dos fatos interessantes dessa copa, minha veterana e eu chegamos à semifinal no bolão do prédio. Essa é a copa da qual guardo as melhores recordações, a final foi extasiante.

Copa de 2006 - Pra mim, foi um 1998 revisitado. O tal do quadrado mágico do triângulo redondo escalado pela Globo se revelou uma das maiores fraudes de todos os tempos. Mais um ponto para a fogueira das vaidades. Esse também foi um ano especial, meu primeiro emprego sério, público "estadual, legal e bonito" teve início nesse ano, logo após o apoteótico show do U2 na Vertigo Tour, lá fui eu, com cara de sono, diplominha recém saído da sala do reitor para assumir meu cargo de professora de história nível II na E.E Rafael de Oliveira, a 5ª série mais alucinada de todos os tempos me aguardava... com sangue nos olhos. A escola era em Jundiaí, casa em Itatiba, ônibus para ir e voltar, aulas no horário dos jogos com dispensa meia hora antes do início da partida. Felizmente, a vice diretora também gostava de futebol e quebrou galhos mais que generosos para mim nos dias de jogo.

Copa de 2010 - Coisas muito importantes aconteceram da última copa até aqui, coisas planejadas então foram executadas, outras deixadas de lado temporariamente, alguns sonhos realizados, outros para se realizar, muito do que achei que aconteceria não só não aconteceu como não mais desejo. Estão rolando os dados, com mudanças substanciais ocorridas e em curso. O que nos reserva essa copa? E a próxima, onde estarei, quem serei?

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