E vâmo que vâmo

O que lhe vem primeiro à mente quando você ouve as palavras "funcionalismo público"? estabilidade, salários marromeno? à minha vem: desorganização e sobretudo uma cultura própria, que só quem já foi ou é barnabé entende. Dentro deste universo podemos destacar a cultura do "preciso ver". Esta sentença pode partir do chefe para o subordinado (e vice versa), do funcionário para o público atendido e podemos entende-la como: não sei e 1- tenho preguiça de me informar 2- não estou afim de te atender, se vira 3 - caramba, já trabalho por dois, mais essa ainda.

A serpente gerada dentro do ovo do "preciso ver" é o travamento do trabalho. Você está executando seu dever, de repente, surge uma dúvida crucial e então resolve perguntar ao chefe o que fazer, ele, então, com olhar circunspecto, tom grave e dedo apontado para o trabalho diz: "preciso ver" e assim o chefe continua vendo, vai vendo o dia inteiro e quando já não há mais como contornar a situação surge uma resposta bem semelhante a "faz qualquer coisa aí do jeito que der"...

Dizer a verdade como, "não sei", faria mais sentido e colocaria fim ao embroglio, já que no final das contas é pra "fazer qualquer coisa de qualquer jeito"...
Conseguem imaginar uma pessoa que ao dar entrada em seu pedido de aposentadoria responda "preciso ver" quando interrogada sobre sua primeira caderneta de vacinação? não, né? nem eu! a carteirinha simplesmente se materializa nas mãos da pessoa, porém, a reciproca é mais que mentirosa.

Haja óculos.