Se existiam vários céus, cada um envolvido por uma esfera de cristal, como elas não se romperiam com a queda na Terra de algo vindo de outra esfera? A observação de um cometa foi o suficiente para abalar séculos de tradição.
O tempo passou, cientistas brilhantes nasceram, criaram, morreram e centenas de anos depois de Aristóteles e Ptolomeu, estamos aqui, com nosso céu coalhado por satélites artificiais, visitas ao espaço e a invenção de outras tradições.O céu não perdeu a beleza, as mesmas estrelas observadas pelos homens do século XVI podem ser contempladas por nós, com o prejuízo da poluição ou excesso de iluminação, dependendo de onde se vive.
No ano 2009 a Terra gira em torno do Sol, não é o centro do universo, mas continua habitada pelas certezas. Criadas ou imanentes? O mundo, dentro da minha esfera, é o que eu observo com o auxílio de meus sentidos ou o que eu crio com minhas expectativas e medos? Os dois? Passo a bola para Schopenhauer e me esquivo de arriscar uma resposta, ou mesmo parafraseá-lo, mas contribuo com mais perguntas. Se a beleza da vida está na criação da realidade e não no fato dado, tenho motivos para crer que o que é realmente importante está fora de foco e que, na verdade, os esquizofrênicos são as únicas pessoas lúcidas e focadas. A afirmativa também supõe que não criar uma realidade é estar condenado às agruras e que, portanto, a vida é mesmo cruel.Se a forma como encaramos a vida é, em grande medida, influenciada pela nossa visão de mundo, por que escolhemos o caminho do otimismo, do pessimismo, niilismo, hedonismo, polianismo e tantos outros ismos e, simplesmente, não adotamos uma ótica objetiva das coisas? A explicação mais simples seria: somos humanos e sujeitos a panes nos neurotransmissores. Nem sempre a explicação mais simples é a pior.
A questão se coloca: romper com tradições e paradigmas me fará olhar para o céu de maneira diferente, ou necessito destas tradições, inventadas ou imanentes, para suportar a vida no mundo sublunar pós-tudo?Exageros, típicos da autora, à parte, são estes os questionamentos que nos diferenciam dos tubérculos e de pessoas como Alckmin e Chalita, a não certeza dos caminhos torna a vida instigante, é como a porta dos desesperados, atrás dela pode estar alguém fantasiado de gorila, ou a bicicleta dos sonhos. O gorila nunca matou ninguém e não ganhar o prêmio, idem (reflito... mas, a mão invisível da produção do programa estabeleceu qual seria a porta certa, digo certa porque ninguém nunca manifestou a clara intenção de topar com o primata, logo... existiria a porta certa?)
No final do caminho, certo ou não, após romper ou continuar segura pelas e com as tradições (com-tradições?) eu não gostaria de ser surpreendida na porta, por um sujeito de boné pro lado me dizendo: "Ráaaaaaaa, pegadinha do malaaandro".Nas palavras de um célebre amigo que não conheci: "Os deuses vendem quando dão... a vida é breve, a alma é vasta: ter é tardar." Ou seja, tá na chuva, se molhe; tá vivo, viva; mas lembre-se: o dado é penhora. Ouvir a sinfonia tem um preço.
4 comentários:
sim.. eu li o post td... mas confesso q qdo olho pra foto desse post.. soh consigo lembrar da MINHA vida! hauhauhauhaua
bjaoooo!
Cacildis, Lisa!!!
Que honra sua visita por aqui!! e ainda por cima, lendo o post mais longo da história do blog!
Sim, é pegadinha, mas a gente se diverte, né não?
Bjs, querida!
O homem do século XVI, portador de "novidadefobia" crônica, sofreria um ataque epilético fatal diante do Gorila do Malandro.
Felizmente, o costume de se queimar na fogueira quem pensasse diferente foi sumindo, a influência política da Igreja diminuindo e assim, chegamos, onde chegamos.
A vida pode ser bela ou cruel, às vezes tudo junto e muitas vezes há o meio termo.
Pós tudo ou pré nada rendem papos dos mais eloquentes numa mesa de bar, seja com o tempero eloquente de um chopp, seja com a sabedoria cristalina de um suco de laranja.
(Não que não exista sabedoria no chopp).
Sim, fiquemos com a brilhante conclusão : tá vivo, viva, tá na chuva se molhe ... e se aparentemente, tudo se parecer um hospício, cortejemos à insanidade e abracemos o maluco (com moderações, já que a sinfonia tem um preço).
CARPE DIEM e como diria um amigo, CARPE NIGHTEM !!!
Texto brilhante, ótimas reflexões e comparações em meio a muito conteúdo original.
Bjs.
Yaki deriva de Yaki Soba, uma variante insólita do irônico anônimo Erik Jones.
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